Governo do Distrito Federal
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14/05/20 às 20h31 - Atualizado em 14/05/20 às 23h47

Nasce no Zoo filhote de espécie criticamente ameaçada de extinção

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O Zoo de Brasília tem um novo integrante. Raro e de uma espécie criticamente em perigo de extinção, o filhote sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) nasceu na madrugada do dia 6 de maio depois de cinco meses de gestação. Essa é a segunda vez que há sucesso na reprodução da espécie, no Zoo de Brasília.

 

Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

A indicação para o pareamento entre os pais, Tucupi e Amarantos, veio em 2018, quando a Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB) recebeu de apreensão do Ibama uma fêmea de sauim-de-coleira vinda de Manaus para parear com o macho do plantel dentro do Programa de Conservação ex-situ da espécie.

 

Desde que o primeiro indivíduo chegou, em 2017, o Zoo de Brasília preparou um recinto com todas as particularidades do seu habitat natural. “O sauim-de-coleira é uma espécie do Amazonas, então eles estão acostumados com um ambiente bastante úmido. Por isso, preparamos um recinto especial para eles, com adequação de umidade e temperatura, paredes de vidro, água corrente e muita plantação”, explica o diretor de mamíferos do Zoo, Filipe Reis.

 

Ainda não se sabe o sexo do filhote, que é cuidado pelos pais desde o nascimento, como ocorre entre os primatas. Os funcionários do zoológico acompanham a rotina da família, mas sem interferir nos cuidados do recém-nascido. “O filhote ainda é muito frágil. Não fazemos o manejo dele para também não interferir no comportamento selvagem. Então, a gente deixa que os pais assumam todos os cuidados. Mas clinicamente o filhote está ótimo”, esclarece.

 

Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

A previsão é que o recém-nascido tenha mais independência depois dos seis meses de idade. Enquanto isso, a equipe técnica da FJZB trabalha em conjunto com a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (Azab) – que coordena os programas de conservação ex-situ no Brasil – na conservação do sauim-de-coleira em zoológicos. A expectativa é que, quando em idade reprodutiva, o filhote tenha a indicação para um novo pareamento e garanta a variabilidade genética dos indivíduos em cativeiro desta espécie.

 

O filhote ainda não tem nome, mas são os seguidores do Zoo, pelas redes sociais, que vão batizá-lo. As opções serão Tucumã e Jambu, uma fruta e uma planta típicas da região Norte, conterrâneas do sauim-de-coleira. Os seguidores poderão votar por meio de uma enquete no Instagram do Zoo, @zoobrasilia.

 

Sauim-de-coleira
É uma espécie endêmica do Brasil com ocorrência apenas na região metropolitana de Manaus. Sofre com incêndios, expansão urbana, predação por espécie doméstica (cães), desmatamento, redução de hábitat, poluição de ambientes e apanha. A espécie também é vítima de impactos associados à rede viária, tais como atropelamentos e eletrocussão na rede de energia urbana. Além disso, há perda de área de ocupação por competição com o sagui-de-mãos-amarelas.

 

Foto: Renato Araújo/Agência Brasília

Essa é uma espécie considerada gregária cujos grupos podem ter até 15 indivíduos. Eles são bicolores, metade marrom e metade branco, e um indivíduo adulto pesa entre 400 e 500 gramas. A expectativa de vida em natureza é de aproximadamente 10 anos e, em cativeiro, é por volta de 17 anos.

 

Programas de Conservação

A estimativa é de que existam cerca de 46 mil primatas da espécie vivendo em natureza atualmente. Para reverter esse quadro, em abril de 2018, a Azab junto ao Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e ao Ministério do Meio Ambiente assinou um Acordo de Cooperação Técnica para atuar na elaboração, implementação, manutenção e coordenação dos programas de manejo ex situ de espécies ameaçadas em zoológicos e aquários brasileiros durante 5 anos.

 

O acordo aborda 25 espécies brasileiras, entre mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes, que foram escolhidas como prioritárias para a execução do programa. O trabalho de conservação das espécies contempladas será imprescindível para proteger seus habitats e espécies relacionadas, pois muitas delas provocam o efeito “guarda-chuva”, ou seja, a sua conservação, por consequência promove a conservação de vários outros animais que participam do mesmo ecossistema.

 

De acordo com Reis, a reprodução em cativeiro é a esperança que há para salvar a espécie da extinção na natureza. “O sauim-de-coleira está no nível mais grave de extinção. O Programa de Conservação ex-situ é uma chance para que o animal sobreviva no futuro. Temos que manter uma população genética e demograficamente viável para que seja dado início ao projeto de reintrodução”, defende.

 

Além disso, dentro do planejamento estratégico para a conservação de espécies ameaçadas de extinção estabelecido pelo ICMBio, em 2011 foi elaborado o Plano de Ação Nacional para a Conservação do Saguinus bicolor (PAN sauim-de-coleira). Nesse documento, foram elencadas 38 ações para atingir sete metas, que visam alcançar o objetivo estabelecido de garantir pelo menos oito populações viáveis da espécie que reduzam sua taxa de declínio populacional e assegurem áreas protegidas para a espécie, em cinco anos.

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