Governo do Distrito Federal
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23/10/17 às 15h58 - Atualizado em 16/05/19 às 15h43

O mundo precisa de mais cotiarinhas

Muita gente costuma ter medo de serpentes, sejam estas peçonhentas ou não. Talvez, a principal razão para isso esteja nos 28 mil acidentes com esses animais que costumam ser registrados por ano no Brasil. No entanto, apesar da quantidade parecer ser alarmante, as pessoas envolvidas sobrevivem na grande maioria dos casos por procurarem atendimento médico adequado.

 

O Brasil é referência no tratamento de acidentes com serpentes e possuí três instituições públicas que produzem soro antiofídico gratuitamente para os hospitais: Instituto Butantã (SP), Instituto Vital Brazil (RJ) e Fundação Ezequiel Dias (MG). Como resultado, o percentual de óbitos em acidentes com serpentes no país é um dos menores do mundo, contabilizando apenas 0,4% dos casos. Para se ter uma ideia do que isso significa, 120 pessoas morrem em média devido a acidentes ofídicos no país contra quase 43 mil mortes por acidentes de carro todos os anos. Mas, certamente, o número de pessoas que tem medo de andar de carro ou ônibus não é tão grande quanto as que têm medo de serpentes.

 

Também há outro fato que é importante lembrar: esses animais salvam milhões de vidas. Poucos sabem, mas o captopril, uma substância química que é a base para remédios contra hipertensão arterial, se origina da peçonha das jararacas. Isso significa que os 31,3 milhões de brasileiros com problemas de pressão alta têm esperança de uma vida melhor graças às serpentes.

 

A peçonha é um recurso igualmente valioso para os répteis que a possuem, pois é utilizada para capturar suas presas, que no caso das serpentes, são pequenos roedores, pássaros e sapos. Elas atuam como um controle fundamental para a população destas espécies e manutenção da saúde dos ecossistemas, com uma única serpente consumindo, por ano, uma média de 300 ratos. Infelizmente, as pessoas não costumam valorizar muito o serviço prestado pelas serpentes, sendo milhares delas mortas a cada ano por puro temor e destruição do habitat pelos incêndios e avanços das cidades.

 

Uma dessas serpentes é a cotiarinha (Bothrops itapetiningae), considerada a menor jararaca do mundo e que só existe no Brasil. Seu habitat natural é o Cerrado nos estados de Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, somente em áreas que não tenham sido alteradas pelo homem. E este é o grande problema da cotiarinha: 76,7% da sua área de ocorrência foi destruída por atividades humanas e a espécie é classificada como “quase ameaçada” pelo Ministério do Meio Ambiente. Ou seja, se nada for feito, essa pequena serpente estará trilhando o caminho para a extinção num futuro próximo.

 

O Zoológico de Brasília não pode permitir que isso aconteça e transformou-se em um refúgio para garantir um amanhã para a cotiarinha. Cuidamos atualmente de quatro destas serpentes e somos o único zoológico no mundo a conseguir sua reprodução, com três ninhadas nascidas desde 2013. Um fato que não só ajuda a aumentar os números desta espécie, como também fornece informações essenciais para embasar a conservação no ambiente natural, pois quase nada sabia-se sobre o comportamento reprodutivo da cotiarinha antes desses nascimentos. Isto nos deixa agora com o maior desafio de garantir que os descendentes desses filhotes tenham um lugar seguro para voltar à natureza. Uma missão que o Zoológico de Brasília busca contribuir com o auxílio de parcerias entre órgãos governamentais e organizações da sociedade civil.

 

Se você tem medo de serpentes, venha nos visitar e descobrir que não há razão para temê-las. Substitua-a o medo pela admiração e ajude a cotiarinha a ter um futuro. Afinal, o mundo precisa de mais #cotiarinhas!

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